CRÔNICAS

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 A MULHER DA CURVA DA MORTE

     Por Maze Oliver 

Imagem de ImaArtist por Pixabay
   

     Os idosos de Rio Branco contam que existe uma linda mulher vestida de branco que aparece na Curva do Tucumã, na estrada que liga a capital do Acre ao Município de Senador Guiomard. Esta estória é conhecida por muitos acreanos, que dizem ser história verdadeira, e que muitos motoristas já a viram. Alguns chegaram a suas casas ilesos, após vê-la, já outros... não tiveram a mesma sorte!

     Numa daquelas muitas noites em que a luz apagou em Rio Branco e toda a família foi para a frente da casa sentar-se sob a luz da lua, afim de ouvir Seu Raimundo, que foi seringueiro e conhecido pelos amigos por gostar de contar muitos causos. Essas estórias que passam de boca em boca e se tornaram lendas, incorporadas no imaginário popular.

    Seu Raimundo contou que um dia estava com um amigo numa pequena pensão da Vila Quinarí (antes de ser município Guiomard), ambos retornavam para Rio Branco. Lá pelas tantas, após a janta, resolveram pegar a estrada. Severiano, o amigo, era o motorista e não queria chegar em Rio Branco muito tarde. Havia uma estrada difícil à noite e também a perigosa curva do Tucumã, muito conhecida por aquelas bandas como a “estrada da morte”. Eles queriam passar da curva antes da meia-noite.

     Todos nós sabemos que após um bom prato de comida vem um pouco de sono e, na estrada todo cuidado é pouco para não dormir ao volante. A lua estava bonita, aparecendo acima da floresta escura e iluminava a estrada de barro batido. Era mês de agosto, todos no Acre contam cada dia desse mês, esperando que ele acabe logo e com ele vá junto o medo das desgraças, dos acidentes e da morte. Severiano liga o rádio, procura uma música embalada para espantar o sono e olha atentamente a estrada. É muito comum animais grandes como onça ou capivara atravessarem o caminho de repente e muitos motoristas são pegos de surpresa, o que ainda atualmente causa muitas vezes, graves acidentes. Mas...naquela noite, quem apareceu de supapo na estrada foi a mulher de branco, com um vestido esvoaçante, à luz da lua ela pedia carona à beira da estrada. Já sabendo sua fama, o coração do motorista acelerou e o carro também, pois o pé de Severiano sem querer pisou o acelerador.

       - O Sr. viu isso, Seu Raimundo?

       - O quê, Severiano? Eu não vi nada! - Respondeu-lhe o acompanhante de viagem.

       - A mulher de branco! Estava bem ali atrás, pedindo carona!

       - Dizem que é muito bonita. Se eu fosse você daria carona para ela. Disse-lhe brincando o Sr. Raimundo.

       - Deus me livre e guarde! Estou tremendo mais que vara verde!

       Falando isso, acelerou muito mais o carro. A curva se aproximava e Seu Raimundo temendo um acidente, advertiu-lhe:

      - Vá devagar, homem de Deus! A curva da morte é logo mais, depois desse estirão. Quer nos matar?

      No entanto, Severiano não o ouvia, tremendo de medo e já suando, o pobre motorista acabara de ver pelo retrovisor, a linda mulher de branco, sentada no banco de trás do automóvel. Sentiu um frio congelante na espinha e os cabelos arrepiaram. Segurou forte no volante e fincou o pé.    Adentraram na famosa “curva da morte” e o carro derrapou por conta da velocidade. O barulho dos pneus e os movimentos bruscos do carro assustaram Seu Raimundo, que já imaginou o carro capotando e a poeira subindo:

     - Valha-me, São Expedito! – Gritou.

     Severiano de olhos esbugalhados fixados na estrada, conseguiu finalmente equilibrar o carro com muito custo e esforço.

     Passado o primeiro impacto do susto, já após a curva, Severiano olhou novamente pelo retrovisor. A mulher de branco havia desaparecido. Seu Raimundo tagarelava sem parar ao seu lado, falando do perigo que passaram e do poder de São Expedito, o santo das causas impossíveis, mas o motorista continuou mudo, impactado pelo acontecido, só dirigia, ainda em velocidade. Segundo Seu Raimundo foi assim que se salvaram da mulher de branco, na curva da morte e chegaram vivos a Rio Branco, em pleno mês de agosto.

 

REFLEXÃO SOBRE O AMOR EM TEMPOS DE PANDEMIA
Por Maze Oliver

     Um dia recebemos uma notícia e tudo parou!

     Nossa rotina modificou em todos os sentidos. Sabe o que há de mais verdadeiro nisso tudo? Fomos obrigados pelo Coronavírus a ficar em casa sem contatos com familiares de outras casas e amigos. Nunca imaginamos viver uma situação assim. E, não poder abraçar as pessoas que amamos está sendo o pior dos castigos. E a morte? Nunca paramos para pensar na eminência de morrer. Nesse momento, no Brasil, ela é uma possibilidade para qualquer um de nós. O que essa experiência tem a nos ensinar?

    Assim que nos entendemos por gente, ou adquirimos consciência do que é a vida, iniciamos um processo natural de negar o final da nossa existência. Passamos a viver na doce ilusão de nunca morrer, pois sentimos medo. O medo existe em nós com bastante inteligência, daí passamos a maior parte do nosso tempo negando a morte. Vivemos como se ela simplesmente não existisse. Alguns negam tanto, que se acham poderosos, creem ser “heróis imortais”!

     A Pandemia nos trouxe a possibilidade real da proximidade da nossa morte, pelo menos para um grande número de pessoas. Esse medo é real e compreensível. E é fato que ultimamente não pensávamos muito em abraços, nem em visitar os amigos, pois nunca tínhamos tempo. Isso se dava de forma natural, quase automática. De repente, o tempo fez-se abundante, agora temos todo o tempo do mundo, porém, não podemos. Nem respirar direito podemos, pois é necessário usar uma máscara no rosto que nos atrapalha a respiração e a conversação.

    Diante da situação nos vemos a refletir, pois, com certeza alguém, em algum lugar do mundo, está pensando: onde está o amor que eu tanto desejei? E os carinhos que tanto quis, mas não corri atrás? Os familiares, será que dei atenção suficiente? Você, meu amigo, que eu tanto amei, mas com quem nunca mais falei? Deixei ir-se sem ao menos saber para onde? E as nossas Paixões, o que fizemos delas? Os antigos amigos, por onde andam, o que fazem? Enterramos tudo na rotina dos dias, os matamos, os sufocamos. E o amor? Por onde o amor na nossa vida? E se eu já o tenho, tenho amado de verdade?

    O ser humano, em sua grande maioria está assim: frio, violento e “cego”. Não vê, ou não quer ver nada da sua realidade, só reflete quando o tempo já passou e não dá mais para voltar atrás. Então, você que ainda pode fazer algo por si enxergue que não podemos viver a vida correndo atrás de dinheiro, devemos nos satisfazer com o necessário e conviver de verdade. Abraçar os amigos, estar junto de verdade das pessoas da família, exalar amor a elas, é o melhor que podemos fazer para nós e para os que estão perto de nós. O trabalho deve tomar o tempo necessário apenas para suprir nossas necessidades básicas, nossa sobrevivência digna, porém sem luxos, o luxo é supérfluo, desnecessário. Outras atividades e o lazer são importantes, mas não poderão nunca substituir o convívio com os filhos, a família, os amigos e isso deve ser dividido sob pena de destruirmos nossas bases e nossas referências.

      Diante dessa “guerra biológica” é saudável que cuidemos da nossa saúde, usemos o tempo ocioso para nos deleitar com algo que queríamos há muito fazer, cuidemos da higiene, e, principalmente do amor pelas pessoas ao nosso redor, dando-lhes atenção virtual, pelo menos, para acender a chama do amor que no mundo estava se apagando. E, se sobrevivermos, ao retornar para a vida normal nunca esquecermos dessa experiência que está a nos propor uma reflexão acerca do amor.

Escritora e Pedagoga aposentada.



O CASO DA GATA!...rs...rs...
Por Maze Oliver

         Uma amiga de minha filha  mora aqui  na cidade de Rio Branco, com parentes  de seu marido. Ela é uma menina muito sensível e bacana. Esses dias estava  a sair de casa quando foi testemunha ocular de um atropelamento. Uma gatinha... e ainda por cima estava prenha. No acidente sua patinha foi quebrada. Compadecendo-se da gatinha sofredora resolveu levá-la. Seu marido se mostrou totalmente contra, pedindo-lhe que esquecesse a tal gata e fossem cuidar de suas vidas. Mas a moça não lhe deu ouvidos e levou a gatinha para casa. Foi uma briga danada entre os dois, mais no final ela venceu e  o animalzinho foi cercado de todos os cuidados recebendo o nome de Maria e muito carinho.

        No dia seguinte, Maria precisou de outros cuidados, porque seus gatinhos morreram na barriga com o acidente e sua nova dona não sabia o que fazer. Então recorreu a uma prima de seu marido.

       - Amiga,  tenho um amigo que é veterinário. Você pode falar com ele!  Disse a prima.
       - Mas amiga, não tenho dinheiro para pagar. E meu marido não vai me dar esse dinheiro de jeito nenhum! Se você visse a briga que foi para eu ficar com essa gata. Quase derrubamos a casa! Rs...
       - Vou falar com esse meu amigo. Ele é muito legal! 

O médico prontamente atendeu ao pedido da amiga, dizendo-lhe: 

 – Ah, não tem problema! Pode trazer que eu resolvo e não vou cobrar meus serviços!

       E assim foi feito! Ela então acertou tudo e a deixou lá, para ser cirurgiada. Finalmente a gatinha seria salva! Já havia se apegado ao animalzinho. No outro dia, foi buscá-la, após o ato cirúrgico. Lá recebeu orientações do veterinário e já ia saindo muito animada quando a secretária  chamou,  dizendo-lhe:

    - Moça,  a cirurgia custa R$350,00 Reais!
    - Mas... Ele não me disse nada! E como vou fazer?... Não tenho dinheiro!
    - Como a Sra. irá fazer eu não sei. O que sei,  é que terá que pagar!

      Muito nervosa,  imediatamente ligou para a prima de seu marido, que lhe acalmou dizendo.

     - Espera um pouco vou ligar para meu amigo!

    Esperar... Rs... Bem não podia fazer outra coisa mesmo, senão esperar! Após alguns minutos a secretária do médico veio lhe chamar. Pensou então com seus botões:

     - Graças a Deus ele vai aliviar! Senão estou ferrada!
     - Ele disse que o que pode  fazer,  é lhe cobrar somente os materiais que usou: anestesia,  remédios  e curativos!
    - E quanto é? Perguntou toda esperançosa.
    - R$300,00.

     Quase caiu durinha! Puxa, mas é quase a mesma coisa! E agora? Em que encrenca fui me meter! Pensou.

    - Só se eu pagar com um cheque sem fundos. É a única coisa que posso fazer. Quando eu tiver o dinheiro passo aqui para pegar o cheque.
    - Espera um pouco vou consulta-lo.
    - Tudo bem,  está certo assim! O médico aceitou.
    - Ufa! 

    Foi para casa a pensar.  - E agora como vou fazer se não trabalho? O Rafa jamais vai  pagar essa conta. Chegou em casa triste e  cabisbaixa.
      Seu marido percebeu e perguntou: - O que você tem? Tá tão triste!

     - Nada, não tenho nada!

      Passaram-se alguns dias e  ainda não havia descoberto uma maneira de arranjar o dinheiro. Se pedir para alguma amiga, depois não terá como pagar o empréstimo. Estava matutando,  quando sua sogra  a chamou. Foi ver o que era e para sua surpresa!

      - Menina, aconteceu uma coisa muito chata!
      - O que?
      - O Pit Bull pegou a Maria!
     - Não!!!!...
     - Sim!!!!
     - E aí?...
     -Tá lá,  mortinha da Silva!
     - Não acredito! ... Buá... Buá ...

     O pior de tudo foi além de enterrar a gata (aos prantos) ainda ter que atender ao telefonema da clínica veterinária ameaçando mandar seu nome para o SERASA...kkk...



Beijokas no coração! Maze.


       O FURO DA CAPA
   Por Maze Oliver

       Sabe quando chega à nossa casa aquele vendedor insistente,  que parece que está  à  perigo
(desesperado!)  e precisa vender seu produto,  custe o que custar? E pro seu azar,  você tem aqueles dois minutos de fraqueza,  compra  e  se arrepende depois? Vou te contar!

       Comprei uma capa de sofá lindérrima, o preço? Os olhos da cara!  Para logo em seguida pensar: Onde estava eu com a cabeça?  Ou onde estava minha cabeça?  Ficara doida?!  Logo agora...  que precisava economizar para comprar meu carro novo! Sonho antigo que estava prestes a se realizar!
       Mas logo tive uma ideia fantástica! ( hic...)  Vou devolver!

       Mas como  iria dizer isso para o rapaz, meu amigo,  tão simpático! Que sempre fora tão bacana comigo! Tá certo que ele insistiu muito, mas quem comprou fui eu,  em completa lucidez.
       É que já havia comprado outras coisas com ele. Sabe, ele é do tipo que não te cobra, deixa a teu critério o pagamento! Isso só piorava as coisas.

       E como mágica,  nesse momento a capa transformou-se: ficou feia. Feia é pouco, ficou horrenda! Porque não dizer ridícula? Nem combinava com a cor da minha sala! Nem tampouco com meu tapete! Como é que não vi isso antes? Aquele camarada me "hipnotizou". Tinha que arranjar uma forma de devolver esta droga de capa!
      É... o ser humano é assim mesmo...  logo racionaliza, num processo de ajustamento explicado pela Psicologia  para justificar seu comportamento.

       Tenho que resolver este problema! Tirei-a do plástico de proteção, resolvi experimenta-la no sofá. Quem sabe ficaria pequena ou grande demais, pensei. Estaria então resolvido meu problema!
      Engano meu,  ficou ótima!
     Chamei minha filha e pedi ajuda. Foi então que ela disse num tom de espanto!

       - Mãe esta capa está furada! Olha só!

       Dei um largo sorriso e perguntei:

       - Onde?

     Liguei para ele na mesma hora, enquanto estava com coragem! Em algumas horas ele estava na minha casa. É claro que eu já tinha uma razão e quando se tem uma razão,  se fala firme com segurança, então eu disse:

      - Meu amigo te chamei aqui pra te devolver a capa, não é que ela tem um furo!

     E ele:
     - É mesmo?!  E o pior que só tinha essa! Olha Maze,  me desculpa, não sabia! Mas onde é o tal furo? É que nesse caso,  tenho que devolver para a fábrica sabe? Pra não ficar no prejú.

       Para quem não sabe, ele quis dizer prejuízo!

      Comecei a procurar o furo da capa. Meu problema estava resolvido. Pensei: Tão fácil e eu me descabelando toda! Porém não achei furo nenhum. Revirei novamente e novamente. Nada! O vendedor me olhava atônito. Eu  já via um sorrisinho maroto em seu rosto e até podia ler no semblante irônico. "Essa dona tá me fazendo de besta!"
      Eu que sempre fui muito honesta,  já fui logo me desculpando:

      - Mas estava aqui,  eu vi! JURO!

      E ele pra me sacanear:

     -  Não estou vendo furo nenhum!

     Pedi socorro. Chamei minha filha. Vistoriou todo o tecido. Olhou pelo avesso e também não achou nada!

     - Não é possível, estava aqui, nós vimos! disse ela.

     O vendedor estava de braços cruzados e olhava bem no fundo dos nossos olhos. Aquilo me aborreceu profundamente. Poxa, eu estava falando a verdade. Eu o vi! O furo estava ali,  em algum lugar! Naquele momento,  perdi as estribeiras e disse:

     - Olha meu amigo,  com furo ou sem furo você vai levar esta capa de volta,  porque eu não a quero mais!

      E ele, para minha surpresa:

      - Tá bom,  porque não disse logo! Mês que vem volto aqui,  para mostrar mais novidades.
     
      Depois dessa,  ao ouvir a voz de  um vendedor na minha campainha vou dizer: A Maze?!  Não está. Viajou, só volta ano que vem! kkk!...

       O pior foi aguentar meus filhos contando isso para a família inteira! Foi a maior gozação!



Beijokas no coração!


O CASO DO DELEGADO
 Por Maze Oliver


 Minha tia me procurou dia desses. Estava desesperada porque haviam roubado sua casa. De dia! Acreditem! Como ela é uma pessoa que só tem a nós, SOBRINHAS, como família, é muito carente, já que não teve filhos. E numa hora dessas então!
      Escutei toda a história por várias vezes. Sempre que alguém interrompia a conversa, ela começava tudo de novo! -  Tia a senhora já me contou essa parte...
     - Já fui na delegacia para dar parte.
     ( Dar parte é registrar a ocorrência).
     - E aí? -Perguntei.
     - Nada! Nem consegui falar com o delegado. Os atendentes na maior dificuldade. Levei um chá de cadeira. Tinha um lá que ... blá...blá...blá...

     Depois desse dia passei um tempão sem ligar pra ela,  com medo de ouvir toda aquela história de novo. Sabia que ia render. É que conhecendo minha tia como eu conheço, já sabia que essa história iria gerar muitos capítulos.

     O difícil mesmo não é ouvir suas histórias, é ouvir todos os  mínimos,  dos mínimos  detalhes,  na maior meticulosidade e por várias vezes.

    Dias depois ela não aguentou. Me ligou.  Fiquei com os ouvidos já  em fogo, quando ouvi aquele lento e educadíssimo:
   -  Boa taaarde!
     Pensei. Boooa tarde!...  Ela está de brincadeira.  Ai meus ouvidos! Mas vamos lá, sobrinha é para essas coisas mesmo!
   - E aí tia?
   -  Minha filha tenho novidades: -  Consegui dar parte do roubo!
     E daí?!

   - Consegui até conversar com o delegado. Ele é gente fina filha, disse que ia  fazer tudo para pegar o ladrão! Também contei toda minha vida pra ele.  (He...He... pensei,  ele também tá ferrado!)

   -  Ele ficou  foi com dó de mim. Também você sabe, o ladrão levou todo o meu ganha pão!

    Senti minha tia já muito segura! O que ele roubou tia?
   
  - Todas as roupas que tinha pego pra vender. Quase cinco mil reais!  Pior, é que o dono das roupas está me cobrando. Disse que não quer nem saber, quer o dinheiro custe o que custar!

    -  Amanhã vou na delegacia de novo! O delegado pediu  para eu ir ver uma mercadoria apreendida,  para ver se é a minha.

    - Poxa tia, tomara que seja a sua. AMANHÃ A SRA. ME LIGA, TÁ BOM?

    Para que eu disse isso? Às vezes a gente pensando em resolver as coisas o mais rápido possível, perde a capacidade de prever o futuro. Agora eu estou ferrada! Preparasse os meus ouvidos!

    Uma semana depois...
    - Boa taaarde!

     (mau tarde...) Oi tia?!
    - Minha filha,  hoje o delegado me recebeu. Sabe, já ficou meu amigo! Pediu para eu ir ver um preso em uma outra delegacia e  pegar minhas coisas. Blá blá blá...Blá...

    -  E aí tia, finalmente recebeu suas coisas de volta, hein?!

    - Que nada minha filha, quando cheguei lá o preso era outro, o delegado chato de lá, me disse que o cabra já estava preso muito antes do roubo da minha casa acontecer! Foi um engano! Sabe que dia que ele foi preso?...

    - E agora tia vai desistir?

   -  Não filha, falei ao meu delegado ( Ih, o delegado agora já era dela, vixe!) agora que não desisto. Aquele outro roubo dos perfumes, entrou pelo buraco do rato, mas com esse, isso não vai acontecer! Não desisto nem que a vaca tussa! Principalmente que agora fiz amizade com esse delegado, esse ladrão está é ferrado! Blá blá blá...

   Passaram-se alguns dias. Achei que a tia já havia resolvido tudo com o delegado "dela". O telefone toca. Fiquei olhando para ele e ele para mim. Atendia ou não?! E se for a tia?... E se não for?... É que estava  sem tempo...Tinha que terminar um material para o meu trabalho!

   - Alô???
   - Boa taaarde!
    Precisa dizer quem era??!!!  Precisa?!!

   - Oiii tiiia!

   - Filha , tenho uma péssima coisa pra lhe contar!
   - Que foi mulher?!
   - Sabe o meu amigo delegado?!

   - Sim tiiia!.
   - Foi preso!

   - Hã!...  Por quê?!...

   - Estava envolvido aí numa confusão! Ainda não sei direito. Buá....Buá...

Pensei com meus botões: -  É não se fazem mais delegados como antigamente!... Coitada da minha tia! Ela é assim, mas eu gosto demais dela! Minha mãe até tem ciúmes!

(Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência).

Beijokas no coração!



O AMOR É LINDO...OPA!
Por  Maze Oliver

         
          Essa eu vivi dentro de  um ônibus no Rio de Janeiro. Vou escrever o que consigo lembrar. Estava indo de São Gonçalo para a cidade do Rio. Eu, minha sobrinha e nossas mochilas. É... acreditem ou não, no Rio eu virei mochileira.  Íamos muito animadas à uma feira e  apesar do calor fervente que fazia,  pensávamos em rodar um pouco pela cidade, fazer algumas compras e  depois parar em algum cafezinho no final da tarde, antes de voltar para casa. 

        Entramos no ônibus,  como a viagem ia ser longa sentamos lá no final. Eu mais à frente e minha sobrinha atrás, no meio da  última fila. Ia eu na janela olhando a cidade, muito curiosa por conhecer, como todo turista. Ainda deu tempo de ver um prédio branquinho escrito, "ESPAÇO RESERVADO PARA PICHADOR AMADOR". Comecei a rir baixinho, quando de repente,  alguém atrás de mim falava ao telefone. Uma voz meio de mulher,  só que rouca ou  grossa, não sei, estranha!

        Mas o que me chamou atenção mesmo, foi o conteúdo da fala:

        - Você sabe que gosto muito de você. É faz muito tempo... Mas eu não te esqueci. Penso em você todos os dias. Não acredita?!  Poxa  Vilma, é verdade! Não consegui te esquecer! Já tive outras namoradas é verdade, mas você foi muito especial para mim...

        - Oi, fala mais alto, não tô te ouvindo direito, eu tô no ônibus! Tô indo pro Rio.

        A essa altura, imaginei: É homem, apesar da voz esquisita! E me parece um caso de amor. Já não prestava atenção na cidade, o rapaz falava um pouco alto e percebi que outras pessoas também já haviam se ligado na conversa. Ele continuou:

         - Quando volto do Rio? Ainda não sei. Mas quando voltar vou te fazer uma surpresa! Vou aí na tua casa! Não acredita? Pois pode acreditar! Já faz muito tempo o nosso encontro? E daí? Para mim foi muito especial, não consigo te esquecer! Eu já  tentei!  Mas não consigo! O que você quer que eu faça! A gente não manda nos sentimentos! É mais forte do que eu. Eu acho você linda! Meiga! Maravilhosa! Adoro conversar com você! Para mim você é uma fada!

        Eu me contorcia na cadeira estava com vontade de me virar para olhar quem estava ao telefone. Mas não o fiz! Olhei para minha sobrinha. Ela deu um sorrisinho com o canto da boca e não deixei de conter o riso alto. Todas as pessoas à nossa volta se entreolhavam! Percebi que todos estavam atentos a conversa do moço. Que mico! Pensei. E ele continuou:

        -  Eu não vou ter coragem de ir à sua casa? Quem disse? Vou sim! Na hora! Ah, Não posso ir?! Pode deixar!  Não se preocupe! Não vou dar bandeira nenhuma! Vou chegar de mansinho, sorrateiro... no segredo.

        Pensei com meus botões: Um amor impossível, ela deve ser casada! Ele falava alto,  nem se importava com o clima do  ônibus,  no maior silêncio! Todos a ouvi-lo. A essas  horas,  as pessoas mais próximas  já se olhavam, interagindo-se com sorrisinhos maliciosos. Uma, das duas mulheres que estavam ao lado de minha sobrinha, arriscou uma intromissão:

        - Cara,  já faz muito tempo! Ela já deve ter outro! Esqueçe dela!  E sorriu zombando dele, parecendo conhecê-lo.

        E ele:

         - Minha amiga aqui do ônibus tá falando que você já deve ter outro amor! É?... Tem?!
         - Mas eu te reconquisto, vamos se encontrar, tomar um sorvete! Passear de mãos dadas, depois dar uma esticadinha? Que tal? É?...
         - Casar?! Não,  casar não! Eu já prometi a mim mesmo:  nunca mais ponho alguém pra morar comigo! Não,  foi muito dolorida aquela experiência.  É?... Ah tá... Mas pode ser uma coisa legal! Com compromisso,  mas sem casamento.
          - Como vai aquela sua amiga, a Zenaide? Casou? Mas ela tá bem?!

          Arrisquei olhar para o trajeto e já estávamos na ponte Rio Niterói. Poxa,  nem vi o tempo passar! Também com aquela novela ao vivo,  bem alí atrás de mim! Aproveitei para dar uma viradinha rápida e olhar para a cara dele, pois já o via na minha imaginação: Um bonitão,  de torax avantajado!  Não consegui ver direito, mas o pouco que vi, não gostei. Um cara de olhos esquisitos,  meio que esbugalhados. Pensei: Mas o que importa, se ele a ama tanto! Os feios também se apaixonam! Não é mesmo?  E o apaixonado rapaz continuou:

             - Poxa Vilma, não é possível que você não acredita em mim! Eu tô falando a verdade! Assim você me deixa muito aborrecido! Eu aqui há quase duas horas falando pra você dos meus sentimentos e você só  duvidando, ora! Olha,  vou passar o telefone pra minha amiga aqui do meu lado,  ela é testemunha que eu vivo falando em você poxa!

          
Minha dúvida se dissipou,  pois o apaixonado tinha uma testemunha! Ao passar o telefone para sua amiga, ouvimos, não tão alto quanto ele falava, mas ouvimos:

             -  E aí Vilma, tudo bom? Olha é verdade!  Esse cara só fala em você menina, é uma coisa de louco! Quando vou ver você de novo? Vai estar no desfile de carnaval? Qual  escola?!  Quem sabe  a gente se vê por lá, ok? Tchau. Vou passar pra ele.

           Pronto, quem ainda tinha dúvidas. Não tinha mais! ... Ah, o amor é lindo!
         
             -  Viu, acredita em mim agora?! Minha flor,  meus amigos me perguntam: O que você viu nessa mulher ?!  Hã?  Que eu posso fazer?!  É mais forte do que eu!  Hã, o quê?!  Já tentei te esquecer...  já casei, viajei, me aventurei por aí e nada... não passou. Então,  agora quero ir até o fim! O que você disse?! Ah, você já tá fervendo!  Continuou baixando mais a voz.
            - Eu sei!  Você é muito quente! Por isso não consegui te esquecer! NÃO TÁ OUVINDO DIREITO?!  Estou dentro do ônibus,  não posso falar muito alto!

              Apesar dele ter baixado a voz,  eu continuava a ouvi-lo,  pois estava a sua frente. Porém ele aumentou a voz:

               - Quem está paquerando você?!  Hã? Quem? Vocês saíram?! Não?! Me responde,  vocês saíram?! Fala Vilma, vocês se encontraram?!
               
               Chegamos ao Rio de janeiro, será que daria tempo ouvir o final  a história?!

                - Me responde Vilma, você saiu com ele?!  Saiu! Ah, não acredito! E você gostou?! Fala Vilma, você gostou?! gostou ou não?!
    
     O ônibus parou, algumas pessoas começaram a descer, o rapaz continuava. Eu já estava contendo o riso e aguardando a resposta, nossa parada era a próxima. De repente,  ele levantou num supapo e enquanto falava, se dirigia para descer:

       - Sua vadia, sua cachorra! Eu aqui me derretendo todo,  dizendo que gosto de você e você me vem com essa! Que adorou sair com esse vagabundo! Ora vá se danar! Vá se ferrar! Vá se lascar...

     O moço que falava ao telefone,  desceu. No ônibus, todos  desabaram  a rir. E eu também! Um moço que ia na minha frente, comentou:
                
      - Esses travestis, vai ver não tinha ninguém do outro lado da linha!  Fez isso para aparecer! 

         Perguntei a minha sobrinha: Era um travesti?! E ela:

           - Não. Acho que era uma mulher!

                 Disparei a rir novamente e falei : O amor é lindo mas... acabou tão rápido!

             
Beijokas no coração!


VIDA DE POBRE!
Por Maze Oliver


  Dois meninos. Brincaram juntos por toda a infância, estudaram juntos até o Ensino Médio. Um fez pré vestibular particular e passou para o Curso de Direito, se formou, passou num concurso público e logo foi promovido.  O outro sem ter como pagar um cursinho, arranjou um emprego ganhando um salário mínimo e pouco tempo depois casou, porque sua namorada estava grávida.
   Anos depois,  os dois se reencontram e conversam sobre suas vidas:
  - E aí cara como vai?
  - Tô bem, se é que se pode chamar de bem, vida de pobre!...E você?
  - Rapaz, quanto tempo hein! E a mulher?
  - Hum!... Tá lá,  embuxada de novo!... Já é o terceiro!
 - kkk... Puxa, você foi rápido hein!...Mas vamos entrar aqui neste lanche, a gente toma uma coca e conversa.
  - Tá, vai ser bom recordar os velhos tempos!

  Os dois sentam, pedem a coca cola e ...

  - E essa muleta aí cara,  o que foi isso?
  - Essa é uma longa história! Eu agora tô aposentado!...
  - Já,  tão novo assim?
 -Foi aqui neste comércio mesmo!...Um cara me deu uma terçadada!... Quase rolou a minha perna! Fiquei meses de hospital...
 - Rapaz!... Não me diga! Que merda tu fez?
 - Nada, ele queria dinheiro e como eu não tinha! Paguei o pato com a perna!
 - Tu é doido, meu?!... Que lugar maluco é este aqui?!...
 - Meu mano, aqui é o Bairro Quietinho! O nome já diz tudo!... A gente paga para entrar e para sair!
 - Quietinho?! ... é ...entendi. E como tu veio parar aqui?... O terreno foi de invasão?
 - Sim. Consegui comprar uma madeira de segunda, para pagar a prestação e construí um barraco. É pequeno, mas pelo menos num pago aluguel! E tu não vai falar nada da tua vida? Só quer saber da minha?!...

  - Ah cara...  casei, construi um casarão,  mas estou de briga com a mulher... Mas esquece...  Tô bem!  Agora,  tô preocupado é contigo! Cadê o menino, o meu afilhado?...

  - Ele mora com a minha primeira mulher! Faz tempo que não vejo! Não sei nem como tá vivendo, o que ganho só dá pra fazer uma feirinha, pagar a luz e a prestação da TV que acabei de comprar. E pra acabar de completar fiz uma vasectomia pra não ter mais filho e a mulher está grávida de novo! A cirurgia deu errada!

   - Vixe!... Rs...

   - Mas estou feliz assim mesmo. Amo minha mulher!
    - E do salário? Não sobra nada?
  - Sobram uns trocados, aí eu venho pra cá e torro numas cervejas, que é pra esquecer a tristeza!
  - Caramba mano, tua vida tá feia mesmo!...Mas vou ver como posso te ajudar!... Posso te arranjar um emprego?!
   -  Posso assumir emprego não!... Perco a aposentadoria!

  Cabisbaixo ele vai embora pensativo, lembrando as brincadeiras de infância em que era dono de uma fábrica de carro e o outro dum posto de gasolina! Mas... Brincadeira é Faz de Conta... E a vida de verdade...  É mole não! 

     Como aquele cursinho fez a diferença na sua vida econômica! Pois em outras áreas,  não está tão bem quanto seu amigo, pois está a procura da felicidade! Bem mas aí...  já é outra história!

 É PRA RIR...OU PRA CHORAR?

Este texto tem história verdadeira, os nomes não mencionados foi para 
proteção das identidades.


                                                    Bjokas no coração!